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Henrique Zaga quer deixar um legado
Protagonista do filme “Depois do Universo”, da Netflix, o ator falou sobre sua carreira internacional e a estreia na produção brasileira
Henrique Zaga tem os melhores motivos para sorrir. Atualmente, o ator de 29 anos faz o caminho inverso de outros artistas brasileiros que cruzam oceanos atrás de uma carreira internacional. Candango, Henrique deixou o país quando tinha apenas 19, em direção aos EUA. Mesmo novo, já estava decidido que atuar era o que gostaria de fazer como ganha-pão. O plano deu certo. Mais de uma década após estrelar diversas produções internacionais, como as séries Teen Wolf, 13 Reasons Why e o filme Os Novos Mutantes, ele acaba de fazer sua estreia em um filme brasileiro. Além disso, conquistou um lugar na cobiçada lista da Forbes Under 30.
Henrique é protagonista de Depois do Universo, romance da Netflix dirigido por Diego Freitas. Em poucos dias do lançamento, o ator viu o título alcançar o terceiro lugar dos filmes mais assistidos no mundo. Já foram mais de 50 milhões de horas assistidas. Um indicador ainda mais singular por se tratar de uma obra brasileira.
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“Este filme nos trouxe muita alegria em fazer, e ver isso impactar todos vocês tão emotivamente, e com esses números agora tornando tudo ainda mais especial”, comemorou em seu perfil no Instagram.
Embora o sucesso e fama não fossem estranhos para ele, a repercussão do filme lançou seu nome a outro patamar. Mas não são os números que o deixam impressionado e, sim, a possibilidade de contar novas histórias mais parecidas com as quais ele se identifica, como no caso de Depois do Universo. “[Esse filme] Mudou minha vida em várias instâncias”, conta á Elástica.
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Em Depois do Universo, Henrique contracena com a atriz Giulia Be, que interpreta Nina, uma jovem professora de piano que sonha em ser solista da Osesp (Orquestra Sinfônica do Estado de São Paulo), mas convive com uma doença que parece tornar aquele um lugar impossível: o lúpus. Alguns dos sintomas da doença autoimune são rigidez muscular e dor nas articulações, que embaraçam seu rendimento ao tocar. E, em casos mais graves, pode comprometer o funcionamento renal. Nina é uma dessas pacientes e precisa a recorrer a sessões de hemodiálise para sobreviver. É, então, que conhece o médico Gabriel, personagem interpretado por Henrique. Dali nasce um romance.
Talvez não seja necessário dizer que, neste momento, encontrar espaço na sua agenda foi um trabalho um tanto custoso. A ansiedade de entrevistá-lo e descobrir um artista com o ego inflado era grande. Mas por sorte, não passava de um engano.
Após diversas tentativas, finalmente falamos. Atualmente, ele está em Los Angeles, onde vive, no processo de filmagem para uma obra que ainda não pode revelar nome. Está na sala de casa, acompanhando de seus dois cães, Parker e Brandon. De Marlon Brando, ele confirma rindo.
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Gentil, com sorriso largo, Henrique conta que vem de uma família de advogados. O gostinho pelas artes, entretanto, o empurrou para fora do universo jurídico. “Começar a atuar foi uma surpresa não só para mim, mas para a minha família também”, conta. Foi mais uma entrada cautelosa na profissão do que um mergulho de cabeça. Afinal, o medo anda lado a lado com o frio na barriga.
Na adolescência, queria morar fora e, então, entrou para Escola Americana de Brasília. Lá, decidiu participar de uma seleção para o musical Hair Spray. Mas não era nada simples: precisava provar suas habilidades de canto e dança. Passou nos testes e hoje pode dizer que aquela experiência foi responsável pela mudança de rotas. “Aquilo mexeu muito comigo. Não foi tanto por interpretar um personagem completamente diferente de mim, mas pela resposta das pessoas depois que eu tomei esse grande passo, de quebrar aquela casca, e subir no palco pela primeira vez.”
“[A primeira peça de teatro] mexeu muito comigo. Não foi tanto por interpretar um personagem completamente diferente de mim, mas pela resposta das pessoas depois que tomei esse grande passo, de quebrar aquela casca, e subir no palco pela primeira vez”
Aos 19, fez as malas, saiu da casa dos pais e se mudou para Flórida. Foi estudar Business, conta aos risos, quase envergonhado. Precisava de uma desculpa antes de seguir o verdadeiro objetivo, ele explica. Trabalhava na própria faculdade para pagar o curso e aproveitou aquele tempo para aprimorar o inglês. Após um ano, se mudou para Los Angeles, onde foi estudar interpretação para cinema. Na capital mundial do cinema, tudo aconteceu num piscar de olhos. Driblando algumas das incertezas sobre a carreira, foi aprovado no terceiro teste que fez. Nada menos que a série Teen Wolf, que logo se tornou um fenômeno entre jovens. Ele lembra perfeitamente de quando soube do resultado: “Foi um dos melhores dias da minha vida.”
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“Estava esperando o sinal para entrar para aula, toca meu telefone, e era o cara dos efeitos especiais de Teen Wolf perguntando se eu estava disponível naquela tarde para fazer uma moldagem dos meus dentes. ‘Ué, moldagem dos dentes? Pensei: ‘Peguei o papel, caraca, preciso ir para lá agora’ Matei a aula e fui.”
Neste anos, sua carreira chega na adolescência e faz no melhor estilo. Ele conta que o roteiro de Depois do Universo chegou em suas mãos na hora mais propícia. Foi quase como se o filme tivesse lhe tirasse de um buraco escuro. Era novembro de 2020, estava em Brasília, na casa dos pais. “Estava muito mal, desesperado. Não sabia se o mundo ia ter vacina, se ia ter uma reviravolta.” Quando leu o roteiro, ganhou de volta a esperança. “Pensei: vou poder continuar fazendo o que eu amo. Parecia que os planetas estavam se alinhando.”
Além do deslumbramento de ver um filme, no qual esteve envolvido, ser bem recebido pelo público, houve também a surpresa positiva de ver as expectativas serem superadas.
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“Estava esperando o sinal para entrar para aula, toca meu telefone, e era o cara dos efeitos especiais de Teen Wolf perguntando se eu estava disponível naquela tarde para fazer uma moldagem dos meus dentes. Matei a aula e fui”
“Foi o meu primeiro filme no Brasil e nós fizemos ele com muito amor. Mas esse roteiro era um risco para Netflix. É uma obra que mexe demais com o emocional dos adolescentes e do jovem adulto. Era uma aposta e a gente não imaginava que ia ter essa repercussão.”
Para viver Gabriel, o ator fez um laboratório que transformou sua visão de mundo. Durante uma semana, colou em um médico do GRAACC (Grupo de Apoio ao Adolescente e à Criança com Câncer). “Segui ele em todas as consultas pós-cirurgia, onde vi crianças com câncer contarem suas histórias com muita esperança de se curarem, de viverem por mais 30, 80 anos”, conta emocionado. “Eu, para viver esse personagem, preciso estar muito grato.”
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Para 2023, ele prevê uma nova passagem pelo Brasil, para desenvolver outro filme, no qual está colaborando também no roteiro. Uma história de amor, ele revela, também dirigida por Diego Freitas.
Mais confiante e otimista do que nunca, ele se atenta para sua responsabilidade frente a um público tão amplo.
“Hoje presto muito mais atenção no tipo de mensagem que o projeto busca passar, no roteiro. Percebo que, como artista, precisamos cuidar muito da nossa voz. Temos que moldá-la para a mensagem que queremos transmitir. Não se trata de apenas mais um trabalho, ou de jogar dardo no escuro. Você tem que saber aonde esse dardo vai porque tem importância a nossa mensagem para as pessoas. Quero deixar um legado com essas histórias.”
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