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Relacionamento aberto é a escolha de 40% dos brasileiros
Mulheres e jovens lideram a pesquisa, que mostra que a sociedade está deixando o tabu de lado
Relações livres, poliamor e relacionamento aberto são alguns conceitos que cabem na ideia de não-monogamia. Sim, estamos falando de uma configuração de relacionamento em que os parceiros não têm aquela espécie de contrato de exclusividade na relação, e podem ficar com outras pessoas que se interessarem.
Sabemos que isso é algo bastante antigo e até comum, apesar de a sociedade como um todo ainda falar pouco sobre o tema. A novidade, no entanto, é que essa vontade de viver uma relação aberta só aumenta. Uma pesquisa realizada pela Sex Shop Miess ao redor do país concluiu que 40% dos brasileiros estão mais dispostos a viver relacionamentos abertos. A faixa etária que mais se interessa por esse modelo são os jovens e jovens adultos entre 18 e 35 anos. Mulheres heterossexuais lideram o desejo de abrir a relação.
Em seu livro Novas formas de amar, Regina Navarro Lins faz algumas diferenciações com base em sua observação clínica e em estudos sobre não-monogamia, embora não exista consenso sobre elas: “RL [relação livre], em princípio, é plena a autonomia sexual e afetiva. Não é necessária a permissão dos parceiros para novas relações”. O poliamor “defende a possibilidade de estar envolvido em relações íntimas e profundas com várias pessoas ao mesmo tempo, no mesmo nível de importância”. Já o relacionamento aberto seria um tipo de não-monogamia que prioriza a relação a dois e “cada um pode compartilhar a intimidade com outras pessoas, sem que o parceiro fixo se sinta magoado ou enganado”.
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É importante lembrar que este é um costume que vai e volta na sociedade. Nos tempos primórdios, quando os indivíduos ainda eram nômades, estar com mais de uma pessoa ao mesmo tempo era comum. Ou seja, a monogamia só passou a ganhar mais espaço quando o homem se fixou em apenas um local. Nesse cenário, é possível que a escolha pela monogamia tenha sido feita pela necessidade financeira, uma vez que partilhar bens em apenas uma família era mais fácil do que dividir para várias.
É evidente que essa discussão tem sido potencializada com a geração Z, que não afirma não se prender a rótulos. Para Vitória Bredoff Alves, de 20 anos, o assunto é complexo: “Não podemos nos limitar entre ser a favor ou contra uma relação aberta ou fechada”, diz. “Dialogar é essencial para trazer mais luz e profundidade às respostas buscadas”.
“Em vez de nos preocuparmos se nosso(a) parceiro(a) se relacionou sexualmente com outra pessoa, deveríamos apenas responder a duas perguntas: ‘Sinto-me amado(a)?’ e ‘Sinto-me desejado(a)?’. Se a resposta for sim para as duas, ótimo. O que o outro faz quando não está comigo não me diz respeito”, escreve Regina Navarro Lins em seu livro.
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“Deveríamos apenas responder a duas perguntas: ‘Sinto-me amado(a)?’ e ‘Sinto-me desejado(a)?’. Se a resposta for sim para as duas, ótimo. O que o outro faz quando não está comigo não me diz respeito”
Regina Navarro Lins
Claro que essa construção não é tão simples e envolve encontrar ferramentas emocionais para lidar com o próprio medo da solidão: “Se as pessoas desenvolverem essa capacidade de ficarem bem sozinhas, se relacionar pelo prazer da companhia e não por uma necessidade de ter alguém, é possível que as relações sejam mais livres, que as pessoas vivam de forma bem mais satisfatória”, explica ela, que tem mais de 40 anos de experiência clínica.
Quer se aprofundar no tema e pensar mais sobre as possibilidades que existem nas relaçõs? Então, é só acessar nosso guia (não) definitivo sobre a não-monogamia.
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