
esde a primeira geração de computadores pessoais, no final dos anos 1980, um dos gêneros mais recorrentes dos jogos são os de simulação. Naquela época, o poder de processamento que estava disponível aos usuários permitia a administração de um hotel, de uma fazenda ou até de uma cidade inteira. Sim City talvez seja o clássico atemporal mais importante até hoje, mas de lá para cá muita coisa mudou.
Com a evolução gradual do game design nas últimas três décadas, o gênero de simulação foi ganhando ares cada vez mais realistas, transcendendo barreiras entre aquilo que se tornou possível fazer sem sair de casa. Em meados dos anos 1990, a Microsoft surpreendeu com seu Flight Simulator, que colocava o jogador na pele de um piloto de avião, e, ao longo de todos os jogos da série, os players puderam experimentar a vida nos ares a bordo dos mais distintos modelos da aeronáutica, dos monomotores Maule até os imensos Boeing 747.

Quando todas as possibilidades pareciam ter se esgotado e os simuladores já te permitiam ser dono de um parque de diversões ou de um hospital, veio The Sims. Franquia que é um sucesso até hoje, ele permite que o jogador crie uma segunda vida virtual – já que, aparentemente, na vida real as pessoas nem saem de casa, preferindo fazer festinhas com robôs imaginários, arranjar um emprego mais legal do que aquele que realmente paga as contas, e, porque não, incendiar a casa se tudo der errado.
O efeito The Sims, a criatividade dos desenvolvedores e o acesso cada vez mais difundido a ferramentas de criação de jogos acabou se tornando uma combinação poderosa, e perigosa, para o futuro dos jogos de simulação. Por que não aproveitar a tecnologia para subverter o gênero e prover aos jogadores as situações mais absurdas? Foi assim que, em 2014, chegou o Goat Simulator.

A premissa claramente idiota de Goat Simulator causou um buzz em todo o mundo. Na pele de uma cabra que passa todo o tempo com a língua de fora, seu único intuito é atormentar os moradores de uma cidadezinha pacata, enquanto vai desbloqueando outros animais para causar um rebuliço generalizado contra os humanos. O jogo ficou marcado por leis da física inverossímeis. Quando você era atropelado, por exemplo, levantava voo rodopiando às alturas.
O que veio a seguir: um simulador de patinho de borracha, um simulador de uma fatia de pão francês, uma versão zumbi do Goat Simulator, um game que te coloca na pele de um integrante de um culto satânico. Então, o céu se tornou literalmente o limite, com God Simulator.

Somente no primeiro semestre de 2020, o fenômeno dos simuladores duvidosos viu um novo boom, com alguns dos games mais sem noção lançados ao mesmo tempo. Para os próximos meses, alguns games mais sérios do gênero já estão programados, entre eles um simulador de mecânica de ônibus, outro de venda de carros, um sobre caça de animais silvestres, administração de uma padaria, e, por fim, sobre ser um cirurgião. Mas é claro, os jogos sem noção continuarão a sair, como um simulador de ferro velho e outro que te coloca na pele de um morador de rua. E, claro, uma nova versão do Flight Simulator já está confirmada pela Microsoft. Nossa dica? Escolha um dos listados abaixo, esqueça a situação do mundo lá fora, e dê boas risadas.
Rock, Paper, Scissors Simulator
Esse deve ter sido realmente complicado de se desenvolver. Primeiro lançamento do ano, ainda nos primeiros dias de janeiro, Rock, Paper, Scissors Simulator te coloca na pele de uma criança que fica enfrentando infinitamente seu amiguinho Josh em uma brincadeira de joquempô. Os comandos são simples: 1 para pedra, 2 para papel, 3 para tesoura. Meditação em estado puro.

Bed Lying Simulator
Fique deitado sem sair de casa. Parece conselho de qualquer pessoa sensata nessa quarentena, mas é a premissa de Bed Lying Simulator. Basicamente, você não faz nada no jogo, a não ser ficar deitado olhando o tempo passar por uma janela. Dias, noites, e até anos. Você pode acelerar o tempo do game e ver as folhas do calendário sendo arrancadas: 2020, 2021, 2030… Quanto tempo você aguenta ficar na cama?
