Empreendedorismo e sustentabilidade são dois dos muitos pilares que Luiza Brasil fala em seu potente trabalho como comunicadora. Mas não se espante se, cada vez menos, você ouvir essas palavras saírem da boca dela. “Essas expressões existem agora e definem essa vivência, mas tudo isso é tecnologia e ancestralidade. Os povos pretos e originários sempre foram sustentáveis e conscientes. Evitar essas palavras é trazer mais para a realidade, a vivência. É sair da teoria e entrar na prática. Como diz a Conceição Evaristo, é a escrevivência de nossas experiências”, ela conta, em um bate papo por vídeo chamada.

A potência da conversa com Luiza não está apenas nesse trecho destacado acima, mas em tudo que ela desenvolve desde o início. Depois de seis anos de @Mequetrefismos, seu perfil no Instagram em que acumula 111 mil seguidores, e uma carreira no mercado de moda ao lado de Costanza Pascolato, um ícone fashion e de comunicação, ela se prepara para uma nova etapa: a inauguração do Laboratório Mequetrefe, um espaço físico, com redação, estúdio de gravação, espaço de convivência e de troca, com previsão de inauguração para março de 2022 – coincidentemente, mês em que o Mequetrefismos comemora sete anos de vida. “Comecei fazendo tudo sozinha e agora tenho uma estrutura com muitos braços, muita gente circulando nessa engrenagem. É mais comum vermos isso acontecer com mulheres brancas. Ser uma mulher negra que cria esse território de pertencimento para narrativas transformadoras é a minha revolução.”
E de revolução Luiza Brasil entende. Pode-se dizer que ela foi uma das primeiras mulheres negras a ocupar o lugar de influenciadora e usar sua bagagem para mostrar a pluralidade que existe dentro do espaço social que ela ocupa – o de mulher negra – e refutar os conceitos que a mídia insiste em usar para colocá-las todas na mesma prateleira. “Há dez anos, falávamos em ocupar. Isso se restringe a uma pessoa ou poucas estarem naquele lugar. Hoje, falamos sobre pertencer, se multiplicar, sermos diversas. Temos as pretas patrícias, mulheres pretas cristãs, as que são da umbanda e do candomblé. Trazer essa multiplicidade de narrativas é muito importante. Ocupar é a porta de entrada, enquanto o pertencimento é o que nos leva além. A gente precisa pautar a humanização das mulheres negras. Não só ocupar e resistir, mas existir”, dispara Luiza.
Ela é a convidada da semana na nossa Cama Elástica, uma série de perguntas às vezes divertidas, às vezes sentimentais, que resgatam parte do passado de cada entrevistado e, ao mesmo tempo, o faz pensar no que vem por aí. E hoje o papo tá especialmente bom. Desliza pra baixo e boa leitura!
