pós oito anos de pausa, a banda My Chemical Romance lançou um single inédito. A música “The Foundations of Decay”, que remete aos sons do primeiro álbum, tem seis minutos e mais de 11 milhões de reproduções no Spotify. Ela chegou num momento propício, no qual festivais ao redor do mundo estão incluindo o emo em seu line up, como Lollapalooza, Rock in Rio e o inédito When We Were Young, que tem Paramore, Avril Lavigne e o próprio MCR como headliners.
Se você ainda não entendeu sobre o que estamos falando, saiba que essas eram as evidências que precisávamos para comprovar o retorno do emo. Sim, a febre dos anos 2000 está de volta e se incorporou à cena pop, às vestimentas da geração Z e aos eventos musicais. Um dos primeiros sinais foi notado quando Olivia Rodrigo lançou o álbum Sour, que chegou recheado de melodias com guitarras e baterias marcadas – é o caso de “Good 4 You”, que tem tanta semelhança com o hit “Misery Business”, do Paramore, que Hayley Williams e Josh Farro foram colocados nos créditos da música.
Aqui no Brasil, Anitta chamou atenção com “Boys don’t cry”, que tem acordes resgatados do pop punk. O videoclipe, por sua vez, tem inspirações em filmes e séries de terror do tipo Beetlejuice e The Walking Dead. A própria estrela comentou no Twitter que a estética lembra como se vestia em sua adolescência: “eu era rockeira/emo de cabelo preto e vermelho…Queria voltar no tempo e mostrar pra Larissa adolescente. Ela ia amar”, escreveu.
Tô me sentindo de volta à minha adolescência com a estética desse meu novo single.. eu era rockeira/emo de cabelo preto e vermelho… queria voltar no tempo e mostrar pra Larissa adolescente kkkk ela ia AMAR
— Anitta (@Anitta) January 26, 2022
Segundo a cientista social e coordenadora do laboratório de pesquisa LabCult,
Simone Pereira de Sá, revisitar o passado é um fenômeno frequente na história da música. “Certamente qualquer gênero musical será retomado 20 anos depois. Isso pode ser caracterizado como retromania, um anseio de voltar ao que já aconteceu”, explica. “Tem a ver com uma nostalgia de quem olha para trás e pensa que o momento de juventude foi a melhor época da vida. Por outro lado, a música é arte e ela não fica datada – sempre voltamos a algo que nos identificamos.”
Lucas Silveira, vocalista da banda Fresno, concorda e acrescenta que a cena também é interessante para quem não conseguiu vivê-la. “Acho que o retorno do que passou vai ser cada vez mais frequente, tipo a calça boca de sino ou a sonoridade anos 1980. Isso porque as pessoas estão ouvindo tudo muito rápido e enjoando. O emo é um estilo de 15 anos atrás e, hoje, está tendo esse burburinho porque quem nasceu em 2000 não acompanhou. Eles acham tão exótico quanto foi para nós”, conta.