Já sentiu que quanto mais você fuma, menos você chapa? Isso se chama tolerância! Vamos explicar melhor por que isso acontece
por Girls in GreenAtualizado em 19 abr 2022, 12h02 - Publicado em
19 abr 2022
02h00
você, maconhista: alguma vez já sentiu que, para entrar na mesma onda de antes, precisa fumar o triplo da quantidade? Isso, irmãos e irmãs, é causado pelo fenômeno da tolerância. Ele acontece com grande parte das substâncias que consumimos – afinal, é como se o organismo fosse pouco a pouco se acostumando com a presença de um composto e se tornando mais resistente aos seus efeitos.
Entretanto, no caso da nossa plantinha favorita, a explicação é um pouco mais complexa. Ao mesmo tempo, um tanto paradoxalmente, o modo de recuperar a capacidade máxima de chapação é bem simples! Esse procedimento, que chamamos de “resetar” a tolerância ou mesmo de “férias” da maconha, pode ser especialmente importante para usuários e usuárias de cannabis medicinal ou terapêutica.
Vem com a gente entender o motivo pelo qual a tolerância é desenvolvida, e como você pode driblá-la em poucos dias.
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Para começar: um pouco mais sobre a tolerância
Você já pode ter sentido isso com várias coisas: o cafezinho diário que se tornou uma caneca de meio litro, a latinha de cerveja que já não dá aquela “tonturinha” ou o remédio para dor de cabeça que agora tem que ser tomado em dose dupla para fazer efeito. A tolerância é assim, e acompanha o uso de diferentes tipos de substâncias.
Mas, com a maconha, a razão pela qual isso acontece é um pouco diferente, e tem relação direta com o nosso sistema endocanabinoide – um sistema formado pelos receptores de proteínas canabinoides, CB1 e CB2, juntamente com os canabinoides endógenos produzidos por mamíferos, como a anandamida, 2-AG e outras N-aciletanolaminas (NAEs). Ele não apenas permite que você chape gostoso, mas também regula uma série de atividades e funções do nosso organismo.
A tolerância acontece por conta do comportamento dos nossos receptores canabinoides CB1 – o maior responsável por nos fazer falar com Jah quando usamos maconha. O consumo frequente da erva faz com que o receptor diminua o seu funcionamento, e até troque a sua expressão genética. Dessa forma, você acaba tendo que consumir maiores quantidades de canabinoides para ficar chapado. Com o uso contínuo ou crônico da plantinha, podemos chegar ao ponto de quase nem chaparmos mais. Um saco, né? Mas existem formas de combater isso.
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Lutando contra a tolerância canábica
Para se livrar da tolerância, o melhor a se fazer é passar pequenos intervalos sem consumir cannabis. Ou seja: você vai precisar de umas férias da maconha para poder voltar a aproveitá-la! Parece maluquice, mas juramos que faz todo sentido.
Isso porque, se você parar de consumir a cannabis, o seu cérebro se recupera rapidamente. É algo que acontece em semanas – o que é impressionantemente rápido, principalmente quando comparado a outras substâncias. Após um período de abstinência (que, para a Alice, por exemplo, dura cerca de quatorze dias), você vai perceber que os efeitos sentidos serão mais acentuados, mesmo com poucas tragadas.
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Mas como tirar férias da maconha?
Seja para resetar a tolerância, por conta de altos e baixos no relacionamento com a cannabis ou por qualquer outro motivo: quando se toma a decisão de dar um tempinho no consumo, precisamos bolar estratégias para que o momento não seja de dor & sofrimento.
Para descobrir os melhores meios de tirar essas férias da maconha, você precisa se perguntar: seu uso está fazendo sentido nesse momento? Qual costuma ser o seu padrão de consumo? Por quê e como você deseja parar? Com essa transparência e autoconsciência, fica muito mais fácil dar o primeiro passo.
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Para começar, pense seus porquês
Ter consciência sobre os motivos pelos quais você deseja tirar as suas férias pode ajudar a aumentar suas chances de sucesso. Eles podem ajudar a fortalecer sua decisão de parar e traçar metas para conseguir cessar o uso de forma mais tranquila!
Talvez você tenha começado a usar a maconha para relaxar ou controlar a ansiedade. Talvez ela ajude você a lidar com a dor crônica ou a insônia. Mas, com o tempo, alguns desafios podem surgir e levar você a esse ponto de pesar os prós e contras.
As pessoas costumam pensar em reduzir ou pausar o uso quando ele começa a afetar sua vida em alguns aspectos, como o desenvolvimento da já mencionada tolerância, mas não somente. A plantinha pode acarretar mudanças no humor, na memória ou na concentração – que também podem ser corrigidas com um tempinho longe dos bons becks.
Os motivos podem variar, mas entendê-los vai fazer toda a diferença!
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Entenda o seu padrão de uso
O doutor em psicologia da educação e professor da PUC-SP Marcelo Sodelli define, em seu livro Uso de Drogas e Prevenção, quatro principais padrões de uso de substâncias – incluindo a maconha:
Entender o seu padrão de uso é essencial para definir qual será sua abordagem na hora de fazer a pausa. Enquanto em usos experimentais e esporádicos parar do nada pode ser bem mais tranquilo e gerar poucos ou nenhum desconforto, usuários habituais ou em relação de “dependência” com a substância podem enfrentar obstáculos muito diferentes.
Mas precisamos trazer uma observação importante: não é porque você é um usuário crônico que o uso vai necessariamente ser prejudicial, e não é porque você é um usuário esporádico que a planta não vai te prejudicar! É essencial fazer essa análise de padrão de uso para ser mais realista quanto a sua pausa, mas isso não significa que você, por utilizar a substância constantemente, vai precisar parar se não for o que você deseja fazer.
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Saiba que talvez você lide com a abstinência
Sim, a abstinência de maconha existe! Nem todo mundo experimenta esses sintomas, mas, para aqueles que têm, eles podem ser desconfortáveis, e incluir:
– Dificuldade em dormir e/ou sonhos muito vívidos; – Ansiedade; – Irritabilidade e outras mudanças de humor; – Dores de cabeça; – Pouco apetite.
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Dicas práticas para parar com sucesso
Esconda seus apetrechos. O que os olhos não veem, o coração não sente. Deixar seu corre e a parafernália de fumar à vista pode tornar mais difícil ter sucesso com a sua pausa. Dê um jeitinho de esconder ou se livrar deles por um tempo.
Faça um plano para lidar com os gatilhos de uso. Mesmo depois de decidir parar de consumir maconha, sinais específicos que você associa ao uso podem levar a deslizes. Tente criar uma lista de atividades que você pode usar quando esses gatilhos forem acionados, como maratonar de novo sua série de comédia de TV favorita para diminuir o estresse, ou ligar para um amigo de confiança que apoia sua decisão.
Varie sua rotina. Se o seu uso de cannabis acontecia com frequência em horários de rotina, mudar um pouco seus comportamentos pode ajudá-lo a evitar o uso. Afinal, usar substâncias é uma ocupação, e você terá de criar novos hábitos para preencher essa lacuna, e não deixá-la em aberto.
Escolha um novo hobby ou passatempo. Se fumar é algo que você costuma fazer quando está entediado, alguns novos hobbies podem ajudar. Considere revisitar os antigos favoritos, como fazer artesanato, desenhar ou pintar. Se velhos hobbies não interessam mais, tente algo novo, como começar a praticar um esporte ou aprender um novo idioma.
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Que tal uma dose de… terapia? Ela pode ser uma ótima opção quando você deseja desenvolver novos hábitos e mecanismos de enfrentamento. Já que é comum recorrer ao uso de substâncias para enfrentar ou evitar sentimentos difíceis, um terapeuta pode ajudar a explorar quaisquer questões subjacentes que contribuam para o seu uso de cannabis e oferecer apoio enquanto você dá os primeiros passos para enfrentar as emoções sombrias.
Já pensou em microdosagem de cogumelos? A psilocibina pode ajudar a largar alguns “vícios”, como o tabaco, o álcool e – pasme – a maconha. É isso mesmo! Em um estudo de 2017 analisando o uso do tabaco, ela produziu resultados impressionantes que ultrapassam de longe qualquer opção de tratamento convencional.
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Nos casos medicinais e terapêuticos
Ainda pensando na tolerância, é importante tocar em um ponto: o que fazer com pessoas que usam cannabis de forma terapêutica e necessitam consumir concentrações elevadas para alívio de sintomas como dores crônicas, falta de apetite (devido à quimioterapia e outros), insônia e outros?
Nesses casos, uma estratégia para combater a tolerância é variar as formas de consumo. É possível fumar ou vaporizar; ingerir alimentos infusionados; usar cremes ou tópicos canábicos; tomar óleos ou tinturas… Existe uma infinidade delas! Cada uma traz efeitos diferentes. Por exemplo, se compararmos a ingestão de cannabis à vaporização ou ao uso de um beck tradicional, podemos ver uma variação em fatores como:
Acima de tudo: se você é paciente medicinal e/ou terapêutico, mesmo as pausas para resetar a tolerância devem ser acompanhadas por um médico.
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