uando o assunto é Big Brother Brasil, o público normalmente espera babado, confusão e gritaria como forma de entretenimento. E, por mais que o ator Tiago Abravanel quisesse que esta edição fosse paz e amor, percebemos que a falta de comunicação entre os brothers gera fofocas, intrigas e até corações partidos. É preciso lembrar que usar as palavras erradas no diálogo pode levar a muito mais do que magoar os sentimento dos outros: dependendo do nível de agressividade e dos termos usados, podem acontecer casos de racismo e discriminação, que são crimes.
O caso da ex-participante Maria, que foi desclassificada e expulsa do BBB 22 por acertar um balde de água na cabeça da Natália durante o jogo da discórdia do dia 14 de fevereiro, mostrou que é preciso tomar cuidado com acúmulo de agressividade e tensão, já que isso pode acabar machucando fisicamente outra pessoa. O ideal para garantir a boa convivência é sempre manter uma conversa sincera quando há algo que o desagrada.
Para Evary Elys Anghinoni, mestre em Comunicação e Linguagens e professora da PUC-PR, a maior violência que cometemos na fala é o julgamento da ação dos outros: “Quando fazemos isso, o outro se sente atacado. Dessa forma, ele tem duas possibilidades: se defender ou te atacar de volta. É por isso que usar a técnica da comunicação não-violenta é uma saída viável.”
A Comunicação Não-Violenta (CNV) é um conjunto de práticas que transforma a maneira como nos relacionamos. Isso porque ela ajuda na elaboração do que sentimos e na forma que nos expressamos, aumentando a compreensão e a conexão. “O objetivo é eliminar a taxa reativa de acordo com a nossa maneira de falar”, explica Evary.
“Quando julgamos a atitude de alguém, essa pessoa se sente atacada. Dessa forma, ela tem duas possibilidades: se defender ou te atacar de volta. É por isso que usar a técnica da comunicação não-violenta é uma saída viável”
Evary Elys Anghinoni
A teoria surgiu nos anos 1960, quando o psicólogo norte-americano Marshall Rosenberg entendeu que melhorar o jeito de se comunicar era essencial para uma sociedade mais plena e com menos conflitos. No auge do movimento a favor dos direitos civis nos Estados Unidos, ele atuava como orientador educacional em instituições de ensino que eliminavam a segregação racial. Foi aí que elaborou um método simples inspirado na definição de Gandhi de não-violência, que se refere a uma condição compassiva natural que aparece quando a violência é afastada do coração.
A abordagem compreende as habilidades de falar e ouvir, possibilitando laços verdadeiros consigo mesmo e com quem nos cerca. A ideia é que as interações ocorram com mais respeito, atenção e empatia. Ela pode ser usada em qualquer círculo social, como família, amizades, relacionamentos amorosos e no trabalho. “O objetivo é mostrar o que te incomoda e como você se sente sem fazer qualquer avaliação sobre a atitude alheia”, ressalta a especialista.